O Operário

| terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Olá. Eu me chamo Rodrigo. Tenho um metro e setenta e nove, sessenta quilos, vinte e dois anos, alguns meses e poucos dias. Dentro do meu corpo existem cem bilhões de neurônios, duzentos e seis ossos, seiscentos e trinta e nove músculos, trinta e três vértebras, quarenta e seis cromossomos, cem mil fios de cabelo, duzentos cílios, trinta e dois dentes e cinquenta trilhões de células. Meu cérebro pesa um quilo e quatrocentos gramas, e se eu conseguisse arrancar cada pedaço de pele que envolve o meu corpo estaria carregando oito quilos, trezentos e vinte gramas, de uma pele morena, de alguém que possui os cabelos e os olhos castanhos. Produzo três milhões de batidas cardiovasculares num mês, um litro de saliva por dia e mil espermatozóides por segundo. Inspiro seis litros de ar por minuto e consigo detectar seis mil, oitocentos e cinquenta tipos diferentes de cheiro. A cada minuto eu pisco os meus olhos vinte e cinco vezes, mas acho que a maioria das pessoas não costumam reparar nisso.
Gosto de cheiro de livro novo, de ficar balançando o pescoço seguindo a ordem dos livros nas livrarias, de ouvir música alta no fone de ouvido com os olhos fechados, de tocar violão dentro do banheiro como quem se apresenta para uma multidão de pessoas, de estourar bolinhas de plástico, de ouvir o barulho do canudinho tentando sugar as últimas gotas de refrigerante, e de comer pipoca em salas frias de cinema enquanto toca aquelas musiquinhas de elevador. Quero me transformar no melhor jornalista desse país, e comemorar um milhão de títulos pelo Fluminense. Quero ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Quero ter uma história pra contar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário